Sábado, 29 de Março de 2014

O ELÉTRICO AMARELO

O Sol desceu à cidade

No elétrico amarelo

Que, pelo carril reluzente,

Desliza garbosamente

Refletindo com vaidade

Toda a luminosidade

Que flui do sol nascente...

E, de auréola ocre e quente,

O elétrico amarelo

Percorrendo toda a cidade

Rivaliza em paralelo

E vai "metendo num chinelo"

A mais diáfana claridade...

MARIETA F. ANTUNES

publicado por M.A. às 00:31
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Segunda-feira, 24 de Março de 2014

NAUFRÁGIO UNIVERSAL

Estou fatigada do mundo

Cansada da sociedade

Da sua desumanização

Neste buraco sem fundo

Cavado pela humanidade

Em toda a sua extensão...

 

Todos os valores ruíram

Num charco de podridão

As forças vivas soçobraram

Os bons intentos naufragaram

E de cansaço desistiram

De encontrar a salvação...

 

Neste naufrágio universal

Com ausência de terra à vista

Só me resta uma esperança:

Oxalá Deus não se canse

De esperar pela bonança

E seja chegada a hora

Em que também Ele desista

Levando consigo embora

A nossa única pista...

MARIETA F. ANTUNES

publicado por M.A. às 22:57
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Domingo, 23 de Março de 2014

ESPANTALHO

Espantalho emproado,

Cabeça empalhada

De chapéu esburacado,

Braços de cana

E tronco de vassoura

Na seara plantado,

Quanto passarito

Atrevido e esfomeado,

Olho vivo e aguçado biquito,

Não terás já tu espantado?!...

Ao invés de os espantar,

Ah! como tu gostarias 

De com eles poder brincar,

De também poder voar...

De chegar até às nuvens

E de perto o sol olhar,

O tal que nas tardes de calmaria

E na quieta monotonia,

Te põe a cabeça a escaldar

E o corpo a estalar...

De cruzar aquela cortina

Cinzenta do céu nublado

Que nas manhãs pardas e frias

Te deixa o fato orvalhado...

De ir para além dos montes

Como bossas de camelo

Que te limitam o horizonte,

E observar o degelo

A transformar-se em quanta fonte...

Mas tens de cumprir a tua sina,

Preso noite e dia

Na solidão da campina,

Enquanto esperas que o vento

Te venha dar movimento

E fazer-te companhia...

MARIETA F. ANTUNES

 

publicado por M.A. às 23:39
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Sábado, 22 de Março de 2014

ÁRVORE AMIGA

Árvore amiga,

Revela-me o segredo

Que intrépidamente

Te mantém de pé

Num admirável

Testemunho de fé

Enquanto eu,

Como miserável

Espécime humano,

Morro de raiva

E de medo...

 

Que exemplo de dádiva,

Que altruísmo é esse

Que nos demonstras

Constantememnte,

Permanentemente

Revitalizando

Quem cobarde

E impunemente

Te vai assassinando?!...

MARIETA ANTUNES

 

publicado por M.A. às 01:01
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POETAS, ARAUTOS DA ESPERANÇA

O Poeta é um ser diferente

De apurada sensibilidade...

Sente para além do que se vê

Vê para além do Presente

Alcança para lá do trivial

Desdenha o que é material

Idealiza uma nova realidade

Que conduza à felicidade

Baseada na justiça social...

 

Há quem os veja como loucos

Utópicos, excêntricos, lunáticos

Caducos e reumáticos

Que só sabem  escrever tretas...

Mas mesmo de bengala ou de lunetas

Continuarão a ser como poucos

Não só Homens de Letras

Mas iluminados Profetas...

 

Mesmo quando tudo soçobrar

Em decadência total

O Poeta não desistirá

Continuará a acreditar

Que tudo se irá renovar

E a sua missão realizará

Nas palavras que soltar

Como arauto da esperança,

Com a sua força intemporal

E a pureza do sonho

Que só pode morar

Num coração de criança...

MARIETA ANTUNES 

 

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publicado por M.A. às 00:27
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Quinta-feira, 20 de Março de 2014

VINDE, MÃE- NATUREZA

Vinde, vinde,

Ágeis andorinhas,

Em alegres bailados

No imenso espaço...

Vinde, vinde,

Meigas ovelhinhas,

Pedras branquinhas

Dispersas no verde pasto...

Vinde, vinde,

Delicados libelinhas,

Esvoaçando nervosas

Em busca de seu amor...

Cintilantes borboletas,

Diligentes abelhinhas

Apressadas, laboriosas,

 Beijando cada flor:

Cravos, lírios,

Malmequeres, rosas...

Vinde, vinde,

lindas flores

Perfumadas, belas,

Frescas, mimosas

Também as campestres

Anónimas e singelas,

Brancas, azuis,

Vermelhas, amarelas...

Vinde, vinde,

Árvores frondosas,

Pacíficas, generosas,

Que se nos oferecem

Abnegadamente...

Vinde, vinde,

Montanhas agrestes,

Rios ondulantes

De mansa corrente...

Vinde, vinde,

Ondas branquinhas

De leve espuma

Em incessante marulhar...

Vinde, vinde,

Toda vós, Mãe-Natureza,

Encher meus olhos

Da vossa beleza

Até ao limite 

Da saciedade...

E com o que sobrar,

Ir-me-ei alimentar

Por toda  a eternidade...

MARIETA F. ANTUNES

publicado por M.A. às 22:38
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Terça-feira, 18 de Março de 2014

AO MEU SAUDOSO PAI

Pai!

Ainda não esqueci,

Jamais se apagará em mim

E perdurará até ao fim

A memória inegável

Como legado exemplar

Que herdei de ti

De honra,

De honestidade,

De justiça

E de verdade...

Deixaste-me numa manhã

Húmida e fria de Fevereiro

Em que a Natureza,

Solidária com o meu desgosto,

Juntou às lágrimas do meu rosto

Múltiplas gotas de nevoeiro...

Continuas a tua missão

De brilhante estrela polar

Para minha orientação

No meu difícil caminhar

Neste pérfido vale de lágrimas...

O triste e magro conforto

Que me assiste

Na mágoa 

Que hoje e sempre resiste

Pela dolorosa perda, 

É de que este vil mundo

Pródigo em ódio

Mentira e traição,

Não era teu...

O teu lugar é no céu

Junto daqueles que, como tu,

Foram nobres de caráter

E puros de coração...

MARIETA F. ANTUNES

 

 

publicado por M.A. às 22:54
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Segunda-feira, 17 de Março de 2014

INSPIRAÇÃO

Minha amada inspiração

Estamos juntos nesta missão

Não me abandones no meu labor

Junta ao meu o teu suor

Não me largues da tua mão

 

Eu sem ti não sou ninguém

Sou um mendigo sem vintém

És a alma do meu poema

O motor da minha pena

Não me votes ao desdém

 

Se me abandonares algum dia

Contigo partirá minha alegria

Minha seiva de viver

Estarei prestes a morrer

Condenada à nostalgia

 

Imploro-te com sentida devoção

Minha inspiradora proteção

Retarda-me o cruel momento

Adia-me o bárbaro sofrimento

Da escura e vazia solidão

MARIETA F. ANTUNES

 

 

 

 

publicado por M.A. às 23:41
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Domingo, 16 de Março de 2014

UM MOMENTO A ETERNIZAR

Cruzámo-nos

No horizonte das emoções,

Onde os sonhos

Se confundem com as ilusões...

Confessámos

Os nossos desejos,

Partlhámos

Gratas aspirações...

Démo-nos o ensejo

De experimentar

Novas sensações,

E foi bom...

Soltámo-nos no vento

Sem obedecer a tom

Nem som...

Cavalo sem freio,

Estancámos

O percurso do tempo

No legítimo anseio

De eternizar o momento...

MARIETA F. ANTUNES

publicado por M.A. às 23:17
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Sexta-feira, 14 de Março de 2014

SER POETA

Ser Poeta é ver na vida

As sete cores do arco-íris...

É ver por entre o negrume

Uns salpicos de céu azul...

É sentir a beleza de uma flor

Na aridez de uma fraga...

É ouvir na toada do mar

Um convite para amar...

É escutar na lamento do vento

Uma canção de embalar...

É ter o coração aberto

À esperança, ao sonho e à vida...

Ser Poeta é, na verdade,

Dourar a realidade...

MARIETA F. ANTUNES

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publicado por M.A. às 23:40
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